O Evangelho de João começa de maneira profunda e diferente dos outros evangelhos. Enquanto Mateus, Marcos e Lucas iniciam com narrativas históricas sobre o nascimento e ministério de Jesus, João começa com uma declaração teológica poderosa. Nesse artigo, vamos explorar uma pregação sobre João 1:1, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.”
Esboço de pregação sobre João 1:1
O apóstolo João escreveu seu evangelho com o objetivo de revelar Jesus como o Filho de Deus e o Salvador do mundo.
“No princípio era o Verbo”: A Existência Eterna de Cristo
A frase “No princípio era o Verbo” faz eco à abertura de Gênesis 1:1: “No princípio criou Deus os céus e a terra.” João está fazendo uma conexão deliberada com a criação, mas ele vai além. Ao dizer que o Verbo “era” no princípio, João nos diz que o Verbo não foi criado, mas já existia antes do tempo e da criação. Isso significa que Jesus, o Verbo, é eterno. Ele existia antes de todas as coisas.
Esse conceito é fundamental para a fé cristã. A eternidade de Cristo mostra que Ele não é apenas um profeta, mestre ou líder espiritual. Ele é o Deus eterno, imutável e infinito. Cristo não foi criado; Ele sempre existiu em plena comunhão com o Pai e o Espírito Santo. João está nos mostrando que, desde o início, Jesus não era apenas parte da criação, mas Aquele por meio de quem tudo foi criado.
Essa verdade desafia nossa compreensão do tempo e da existência. Nós, seres humanos, vivemos no tempo – temos um começo e um fim. Mas Jesus está além do tempo, acima das limitações humanas. Sua eternidade significa que Ele é digno de adoração, pois somente Deus pode existir desde sempre. Jesus é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, e n’Ele todas as coisas subsistem (Colossenses 1:17).
“O Verbo estava com Deus”: A União de Cristo com o Pai
A segunda parte de João 1:1 diz que “o Verbo estava com Deus.” Isso nos revela algo profundo sobre a natureza de Jesus. Embora o Verbo seja eterno, Ele não está sozinho. Ele existe em relacionamento, em comunhão com Deus Pai. A frase “com Deus” indica proximidade, união e intimidade. Jesus, o Verbo, sempre esteve em perfeita comunhão com Deus Pai.
Aqui, vemos um vislumbre da Trindade – a doutrina cristã que afirma que Deus é um em essência, mas três em pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. João não está sugerindo que Jesus seja inferior ao Pai, mas que Ele estava “com” Deus em uma relação de igualdade e harmonia. Esse conceito nos ajuda a entender a natureza relacional de Deus. Deus não é uma entidade solitária; Ele é, por Sua própria essência, um ser em comunhão. Desde a eternidade, há amor e comunhão dentro da Trindade.
Essa verdade é importante porque reflete o plano de Deus para a humanidade. Assim como o Verbo estava em comunhão com o Pai, Deus deseja que estejamos em comunhão com Ele. Jesus veio para nos restaurar a essa comunhão, rompida pelo pecado. Ao olhar para Jesus, vemos o caminho para conhecer e se relacionar com o Deus Pai. Ele nos revela o Pai de uma maneira que ninguém mais poderia (João 14:9).
“E o Verbo era Deus”: A Divindade de Cristo
A terceira parte de João 1:1 é talvez a mais direta: “O Verbo era Deus.” João não deixa margem para dúvidas sobre a identidade de Jesus. Ele é Deus, e essa é uma verdade central do cristianismo. Jesus não é apenas um ser celestial ou uma criatura exaltada – Ele é plenamente Deus. Isso é crucial, porque muitas heresias ao longo da história da igreja tentaram negar essa verdade, seja diminuindo a divindade de Cristo ou separando-o de Sua natureza divina.
Um ponto importante a destacar em nossa pregação sobre João 1:1 é que quando João diz que “o Verbo era Deus”, ele está afirmando que tudo o que pode ser dito sobre Deus também pode ser dito sobre o Verbo, ou seja, Jesus. Ele é todo-poderoso, onisciente, onipresente e imutável. Ele possui todos os atributos divinos. Quando olhamos para Jesus, estamos olhando para o próprio Deus.
Essa afirmação tem profundas implicações para nossa fé. Se Jesus é Deus, então Suas palavras e ações têm autoridade divina. Suas promessas são verdadeiras e confiáveis, e Sua obra na cruz é eficaz para nossa salvação. Somente Deus poderia carregar os pecados do mundo e derrotar a morte. A divindade de Cristo é o fundamento de nossa esperança. Ele não é apenas um mediador entre Deus e o homem; Ele é o próprio Deus, que desceu ao nosso mundo para nos salvar.
Ilustração: O Sol e Seus Raios
Imagine o sol brilhando no céu. O sol em si é uma esfera gigantesca de luz e calor, e seus raios se espalham por toda a Terra, trazendo vida e calor para todos nós. Agora, pense em Deus Pai como o sol e Jesus como os raios que emanam do sol. Os raios e o sol são inseparáveis – onde quer que o sol vá, seus raios vão com ele. Eles têm a mesma essência, a mesma luz e o mesmo calor. No entanto, os raios se manifestam de uma forma diferente, pois eles alcançam o mundo diretamente, trazendo a luz do sol para nós.
Da mesma forma, Jesus é a manifestação visível do Deus invisível. Ele é a “luz” que nos alcança e revela a glória de Deus. Ele não é separado de Deus, mas, como os raios do sol, Ele é da mesma essência que o Pai. Quando vemos Jesus, experimentamos a presença de Deus. Assim como os raios do sol nos tocam e nos aquecem, Jesus veio ao mundo para nos revelar o Pai, nos aquecer com o amor de Deus e nos guiar para a luz eterna.
Essa ilustração nos ajuda a compreender melhor a Trindade e a união entre o Pai e o Filho. Deus Pai e Deus Filho são inseparáveis em essência, mas Jesus veio para revelar o Pai de uma maneira que podemos entender e experimentar. Ele é a luz do mundo, a expressão visível do amor divino que traz vida e salvação a todos os que crerem.
O Verbo Criador: A Ação de Cristo na Criação
João 1:3 nos diz que “todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” Isso significa que o Verbo, Jesus Cristo, estava ativo na criação do mundo. Ele não é apenas o Filho de Deus que veio ao mundo em forma humana, mas Ele também é o Criador de todas as coisas. O universo inteiro foi criado através d’Ele e por Ele. Essa verdade reforça a divindade de Cristo e Sua participação ativa no plano de Deus desde o início.
Quando olhamos para a criação – as estrelas, os oceanos, as montanhas, e até mesmo a complexidade do corpo humano – vemos a obra das mãos de Cristo. Ele é a fonte de toda a vida e de toda a ordem no universo. A criação reflete a sabedoria, o poder e a beleza de Cristo. Assim, quando adoramos o Criador, estamos adorando o Verbo, que é Deus.
Isso também nos lembra que Jesus não é distante de nós. Como Criador, Ele conhece cada detalhe de nossa vida. Ele nos formou e nos sustenta. Quando enfrentamos desafios e dificuldades, podemos confiar que Jesus tem o controle, pois Ele é o Criador soberano de todas as coisas. Ele sabe o que é melhor para nós e está trabalhando para o nosso bem.
A Encarnação do Verbo: Deus Entre Nós
João 1:14 diz: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória.” Essa é uma das declarações mais extraordinárias do Evangelho. O Verbo eterno, que estava com Deus e que era Deus, se fez carne. Ele entrou no mundo que Ele mesmo criou e viveu como um de nós.
A encarnação é o mistério central do cristianismo. Deus não permaneceu distante de Sua criação, mas veio para redimir e restaurar o que havia sido quebrado pelo pecado. Jesus não abandonou Sua divindade ao se tornar homem, mas Ele assumiu nossa natureza humana sem perder Sua essência divina. Ele viveu uma vida perfeita e sem pecado, morreu em nosso lugar na cruz e ressuscitou, derrotando a morte.
A encarnação do Verbo nos revela o coração de Deus. Ele nos ama tanto que veio até nós para nos salvar. Ele experimentou a dor, a alegria, o sofrimento e a tentação que todos nós enfrentamos, para que pudesse ser nosso Sumo Sacerdote perfeito, compreendendo nossas fraquezas e intercedendo por nós.
Esse versículo nos leva da eternidade à encarnação, revelando um Deus que é imensamente grande e, ao mesmo tempo, intimamente próximo. Desejamos através dessa pregação sobre João 1:1 que possamos viver em adoração e gratidão a esse Deus que se fez carne e habitou entre nós, trazendo luz e vida ao mundo.